domingo, 30 de setembro de 2012

Tom Custódio da Luz


Ainda há salvação para a música brasileira...

Situações embaraçosas (e muitos micos) dos fotográfos





Na Estrada [On the Road]

7,0...


Não é nada excepcional, mas compensa o ingresso. Esperava mais de um filme de Walter Salles (fui levado a ver por ser ele o diretor) e com produção de Francis Ford Coppola. No entanto, não é um filme ruim, porem não será lembrado por décadas, com toda certeza (é esperar para ver, rs).


terça-feira, 25 de setembro de 2012

'O Navio Negreiro' [Caetano Veloso]


O Navio Negreiro


'Stamos em pleno mar
Era um sonho dantesco... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa dos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia
E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanaz!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!

São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão...

São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também,
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos
Filhos e algemas nos braços,
N'alma lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael...

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma das noites nos véus...
...Adeus! ó choça do monte!...
...Adeus! palmeiras da fonte!...
...Adeus! amores... adeus!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade

Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...

E existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no seu pranto...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
...Mas é infâmia demais...
Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de teus mares!




quarta-feira, 19 de setembro de 2012

COSMÓPOLIS

7,9...

A cidade de Nova Iorque está em tumulto e a era do capitalismo está chegando ao fim. Uma visita do presidente dos Estados Unidos paralisa Manhattan e Eric Packer (Robert Pattinson), o menino de ouro do mundo financeiro, tenta chegar ao outro lado da cidade para cortar o cabelo. Durante o dia, ele observa o caos e percebe, impotente, o colapso do seu império. Packer vive as 24 horas mais importantes da sua vida e está certo de que alguém está prestes a assassiná-lo.
O filme é baseado na obra homônima, cujo autor é Don Delillo - bom, não li o livro; então, sem muito a dizer em relação a ele. Porém não é o (meu) objetivo falar do livro, embora seja visto por muitos como a obra literária que melhor retrata o século XXI. Sobretudo no campo corporativo, com sua volatilidade intrínseca.


Nos primeiros minutos você vai notar uma coisa interessante, a relação que há entre Parker e sua limusine. Que para ele não é apenas um meio de transporte, um carro somente. O personagem de Pattinson encara seu automóvel como uma bolha. De onde ele pode acompanhar tudo que acontece ao redor, todavia sem se envolver diretamente. Ele recebe pessoas, tem reuniões de negócios, transa, faz suas necessidades fisiológicas (bom, não vá achando que o carro é uma imundice, na verdade ele é muito bem equipado, quase um "Air Force One", rs) e até exames médicos (algo extremamente curioso, rs). Fato é que a limusine de Eric é um mundo particular.


Essa segregação imposta pela relação carro versus mundo é uma tradução literal do mundo de Eric. Tal separação revela uma arrogância evidenciada no modo como ELE lida com as ameaças a sua volta: com sorriso no rosto, como se essas coisas o divertissem. No entanto, a despeito do possamos concluir por esse sorriso, o protagonista é diariamente tomado por um vazio. Uma sensação que, embora conheça bem, não revela a ninguém, pois poderia ser sinônimo de fraqueza. Soma-se a isso o fato de seu "império" estar desmoronando em virtude de um erro de cálculo, leva Eric a uma jornada que ruma para a destruição, onde ele se coloca deliberadamente em situações de risco, com o propósito de findar o vazio que toma seu ser.

A direção é pontual nos diálogos. São diálogos densos, frases reflexivas e uma abordagem que nos leva a (re)pensar o capitalismo e o mercado global. O filme é cunhado em simbolismos. Rato como moeda mundial, exploração da nudez com o intuito de trazer a necessária emoção ao momento.


Palmas ao trabalho de Robert Pattinson, que se encaixa como um luva ao personagem - você não conseguirá estabelecer uma relação direta com seus outros trabalhos. Seu Eric Parker é seco e cínico, na medida exata para o personagem. Vale ressaltar a cena que certamente ficará na memória do expectador, particularmente considero antológica, onde passa por um exame de próstata dentro da limusine. Seu rosto de total desconforto em meio à luta para se manter fluente no dialogo com uma de suas assessoras (que está excitadíssima, diga-se de passagem) chama muita atenção.

Este é um bom filme, que merece ser visto e revisto, e de quebra refletido. Um filme do tipo que costuma crescer após a sessão, quando você relembra cenas. Tendo um ritmo lento, que não prejudica em nada o filme e um final bem teatral, é um dos melhores de 2012. Indispensável!

Bom Filme!!!



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Cícero - Tempo de Pipa

Interessante!
Vale a pena ver e rever... 

Maria Bethânia - Tocando em Frente


Quando Maria Bethânia está cantando, precisa comentar? Sua voz fala por si só... 
Uma das maiores cantoras brasileiras. O Brasil tem uma classe musical impar, mas mesmo assim somos perseguidos pelo sentimento de inferioridade e, acabamos por abraçar a música internacional. Somos grandes na música, sejamos também grandes em outras áreas. Que a EDUCAÇÃO seja prioridade, que a Saúde seja prioridade, só assim, quem sabe, teremos um país justo, rico e de gente feliz, enquanto isso não acontece, curtamos nossa cultura. Cultura que não é melhor, maior ou qualquer outra coisa que gradue, mas apenas diferente, impar. ''Tocando em frente!

Último Ensaio - Thiago Terenzi

Cinema: resumo rápido...

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Nancy Lincoln (Robin McLeavy) é a mãe do presidente Abraham Lincoln (Benjamin Walker) e foi assassinada por uma criatura sobrenatural. Incorfomado com o fato, ele declara uma guerra sem piedade contra os seres das trevas e começa a destruir todos os vampiros e os escravos que os ajudam. Dirigido por Timur Bekmambetov (O Procurado) e estrelado por Benjamin Walker, Dominic Cooper e Mary Elizabeth Winstead.

6,2...

É um filme surpreendente, não pelo fato de ser muito bom, mas pelo fato de não ser tão ruim  quanto se espera que ele seja. Não é um bom filme! Mas não chega a te deixar com a impressão de que gastou dinheiro a toa.

O Vingador do Futuro

Doug Quaid (Colin Farrell) leva uma vida pacata. Ele mora na Colônia, trabalha em uma fábrica na Bretanha Unida e é casado com a bela Lori (Kate Beckinsale). Um dia, resolve visitar a Rekall, uma empresa que oferece aos clientes a inserção de memórias no cérebro, simulando viagens que não aconteceram de verdade. Doug se submete ao tratamento, mas durante a inserção algo dá errado e ele logo se vê cercado por policiais, os quais mata sem dó nem piedade. Sem saber o que está acontecendo, Doug foge para casa. Lá descobre que Lori também está contra ele e deseja matá-lo. Após escapar da esposa, Doug começa a decifrar o enigma: no passado ele foi um importante agente do chanceler Cohaagen (Bryan Cranston), com ligações entre os rebeldes que desejam a liberdade da Colônia.

7,3...

Sem mais delongas, se o gênero lhe agrada, o filme não vai te decepcionar. No entanto, se busca algo intelectual e tecnicamente impecável, com certeza ficará frustado. Vale sua ida ao cinema, com certeza.

Um Divã para Dois

Kay (Meryl Streep) e Arnold Soames (Tommy Lee Jones) estão casados há 30 anos. O relacionamento entre eles caiu na rotina e há tempos não tem algum tipo de romantismo. Querendo mudar a situação, Kay agenda para ambos um fim de semana de aconselhamento com o dr. Feld (Steve Carell), que passa a lhes dar conselhos sobre como reavivar a chama da paixão.

6,0...

Se você acha que se trata de uma comédia está enganado. O filme é na verdade um romance dramático. É apenas agradável de se assistir, pois não se leva muito desta produção. Se em A Dama de Ferro, Meryl Streep dá um show (atuação memorável), aqui ela tem uma atuação mediana, mas o mediano dela é algo muito alem do que vemos por aí... Lee Jones - não simpatizo com este ator - caiu como uma luva na personagem, seu humor ácido é muito oportuno. No geral é muito interessante, pelo fato de fazer uma abordagem bem diferente da que costumamos ver no cinema.

O Diário de Tati

Tati (Heloísa Périssé) escreve tudo no seu diário, onde conta detalhes do verão em que ficou de recuperação na escola e suas tentativas de esconder da sua mãe o boletim. Durante esse período, a garota conheceu Anita (Márcia Cabrita), a nova e espirituosa namorada do seu pai. Foi neste verão também que ela sofreu por amor, pensando em Zeca (Thiago Rodrigues), o rapaz mais bonito da escola. Tati tem muitas histórias para contar: suas neuroses, brigas com a mãe, as cantorias do pai, as disputas com as amigas, um novo amor (Marcelo Adnet) e muitas outras confusões.

3,5...

Comédia FRACA. É sem dúvida um equivoco cinematográfico, mais decepcionante que este, apenas As Aventuras de Agamenon - O Repórter. A música do filme é boa, mas não é suficiente para ajudar o filme a ser, digamos, bom.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

GETÚLIO, de Lira Neto

"Getúlio" é um dos livros mais interessantes que li este ano. Não sou um grande fã de biografias, não é um gênero que me agrade muito. Porem, ESTE é um livro bem escrito, claro, objetivo e embasado, o que em uma biografia é essencial, há casos em que autores valem-se da tal "licença poética" e de certo modo deturpam ou desviam-se do caminho, isto não ocorre aqui, o autor - Lira Neto - é muito feliz nesta área, assim como em todo livro. Tenho grande simpatia por Getúlio Vargas e, ter simpatia já ajuda em muito. Todavia, é, mesmo para os que não curtem muito, o "velhinho", um registro único. Muito bem escrito e fluido, suas quase 700 páginas são de rápida e fácil "digestão". Recomendo! 


ps: estou muito ansioso pelo volume dois e três. 

Michael Jackson 1988 Grammy Awards