por Edgar Allan Poe, tradução de Fernando Pessoa
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigos, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
E a minhalma dessa sombra que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge
9,4...
Oito anos após a morte de Harvey Dent, a cidade de Gotham City está pacificada e não precisa mais do Batman. A situação faz com que Bruce Wayne (Christian Bale) se torne um homem recluso em sua mansão, convivendo apenas com o mordomo Alfred (Michael Caine). Um dia, em meio a uma festa realizada na Mansão Wayne, uma das garçonetes contratadas rouba um colar de grande valor sentimental. Trata-se de Selina Kyle (Anne Hathaway), uma esperta e habilidosa ladra que, apesar de flagrada por Bruce, consegue fugir. Curioso em descobrir quem é ela, Bruce retorna à caverna para usar os computadores que tanto lhe serviram quando vestia o manto do Homem-Morcego. Aos poucos começa a perceber indícios do surgimento de uma nova ameaça a Gotham City, personificada no brutamontes Bane (Tom Hardy). É o suficiente para que volte a ser o Batman, apesar dos problemas físicos decorrentes de suas atividades como super-herói ao longo dos anos.
Chega ao fim uma das mais bem sucedidas trilogias que o cinema apresentou nos últimos anos!!! Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge encerra a saga do Homem-Morcego dirigida por Christopher Nolan.
Depois de assistirmos aos filmes Batman Begins e Batman - O cavaleiro das Trevas é inevitável se criar uma enorme expectativa para o próximo longa, a ideia que o filme anterior precisa ser "superado" nos ronda. É aí que somos reconfortados, pois o filme tem uma direção extremamente talentosa, que produziu um excelente desfecho para essa bela trilogia. É certo que essa é uma trilogia que terá seu lugar na história do cinema.
Dentro do universo de Batman, a mensagem é - quase sempre, de inspiração e heroísmo. Neste filme não é diferente.
O filme conta com muitos antagonistas, mas o criado por Tom Hardy (Bane) impressiona, pode-se tentar fazer uma comparação com a interpretação antológica de Ledger no filme anterior, porem é um grande engano fazer essa comparação, visto que pelo perfil dos personagens, não é possível tal comparação, inegável é: o Bane vivido por Hardy é o contraponto perfeito para Batman/Wayne.
Um ponto a ressaltar é o trabalho de voz do ator Tom Hardy (Bane), a fala forte e grave chama muita atenção e o fato de nunca vermos sua boca, torna a imagem impactante. O roteiro é muito eficaz na construção da história de Bane, deixando o público ansioso por conhecer sua história.
Apesar de Michael Caine não ter muito espaço em meio a tanta ação, seu personagem - Alfred, brilha em diversos momentos. A presença de Caine rouba a cena como um coadjuvante precisa fazer. Outro ponto alto é a Mulher-Gato vivida por Anne Hathaway, não é extravagante e se encaixa bem ao filme, protagoniza boas cenas de ação e tem uma excelente química com Bale. Outros que se encaixam bem no filme e fazem crer que já estão na franquia a algum tempo é Cotillard e Gordon-Levitt.
Na área técnica, destaque para o design de som, os efeitos e a edição de som; a mixagem é um elemento que colabora muito com o sucesso de um filme, e nesse ela não faz feio. A direção de fotografia fez um excelente trabalho. A equipe técnica fez um excelente trabalho!
Anne Hathaway na pele da Mulher-Gato |
Christian Bale |
Batman ( Christian Bale) e Bane (Tom Hardy) |
Bom filme!!!
sábado, 14 de julho de 2012
Liberdade, Igualdade e Fraternidade¹
14 de julho de 1789,
A queda da Bastilha, o grande evento da Revolução Francesa, marca a mudança da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. A queda do Antigo Regime (denominação dada pelos revolucionários de 1789 à sociedade francesa da Idade Moderna) repercutiu em toda a Europa - sobre tudo, e em várias regiões do mundo. É do conhecimento de todos as diversas questões que levaram a Revolução, deste modo não cabe aqui tecer detalhes sobre a mesma, não é esse o foco.
...
Os representantes do povo francês, constituídos em ASSEMBLEIA NACIONAL, considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos Governos, resolveram expor em declaração solene os Direitos naturais, inalienáveis e sagrados do Homem, a fim de que esta declaração, constantemente presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de que os atos do Poder legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Por consequência, a ASSEMBLEIA NACIONAL reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos do Homem e do Cidadão:
Artigo 1º- Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.
Artigo 2º- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Artigo 3º- O princípio de toda a soberania reside essencialmente em a Nação. Nenhuma corporação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que aquela não emane expressamente.
Artigo 4º- A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique outrem: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela Lei.
Artigo 5º- A Lei não proíbe senão as ações prejudiciais à sociedade. Tudo aquilo que não pode ser impedido, e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser castigados; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da Lei deve obedecer imediatamente, senão torna-se culpado de resistência.
Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Artigo 9º- Todo o acusado se presume inocente até ser declarado culpado e, se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor não necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser severamente reprimido pela Lei.
Artigo 10º- Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida pela Lei.
Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei.
Artigo 12º- A garantia dos direitos do Homem e do Cidadão carece de uma força pública; esta força é, pois, instituída para vantagem de todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Artigo 13º- Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum, que deve ser repartida entre os cidadãos de acordo com as suas possibilidades.
Artigo 14º- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Artigo 15º- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público pela sua administração.
Artigo 16º- Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Artigo 17º- Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir evidentemente e sob condição de justa e prévia indemnização.
Se lermos a Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão ou mesmo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, veremos que não houveram grandes mudanças, dois séculos após a publicação da mesma da primeira. Os homens, embora "livres", não tem todos os seus direitos garantidos. Será estas Declarações, farsas? Bom, é difícil dizer, tais direitos existem, mas a totalidade da população (da humanidade), não tem acesso a eles. Mas se são direitos, não deveriam ser acessíveis?
O que nós, enquanto "povo simples", podemos fazer para que tenhamos os nossos direitos e os de nossos semelhantes, garantidos e respeitados?
O que é o terceiro estado? Tudo. O que ele tem sido na politica francesa até hoje? Nada. O que pede ele? Ser qualquer coisa.
O povo de Paris, na noite de 14 de julho de 1789 tomou uma atitude que mudaria os rumos da história da humanidade, esta noite passaria à História como um dos maiores marcos de LIBERDADE, no entanto, de fato somos livres?
À época, eles reivindicavam educação pública e gratuita, participação da mulher na vida pública, o direito ao divórcio, o direito de greve, a livre sindicalização, reforma agraria e tantas outras coisas. Quais destes objetivos podemos com clareza e certeza, dizer que atingimos?
Hoje vivemos em um país, que embora seja garantido a todos o acesso a educação pública e gratuita, será que podemos dizer, por exemplo, que ela é de qualidade? Não! Com certeza não. O problema reside no fato de objetivarmos quantidade, em detrimento da qualidade. Ora! Queremos e devemos ter qualidade, e em quantidade.
No Brasil, assim como em muitos outros países, a mulher só pôde ter acesso a vida pública (política) no final da primeira metade do século XX. E mesmo garantido o direito de voto, a mulher ainda não tem uma participação na vida pública, proporcional a sua representação na sociedade.
O divórcio, esse é um tema que vem sendo superado, de tempo em tempo. Ainda há muito que avançar, porem já se avançou muito.
O direito de greve e a livre sindicalização foram garantidos (com respaldo em textos constitucionais, no século findado a pouco). Muito embora, haja ainda, países dito democráticos, em que estes direitos não são respeitados ou permitidos.
A questão agraria, essa é tão difícil, que pouquíssimos países conseguiram tratar o tema de modo pragmático. É costume dizer que: com terra não se mexe!
Falando do caso brasileiro, muito embora vivemos em um país com dimensões continentais (isso prova que há terra para todos), não fizemos ainda a necessária reforma agrária. Temos áreas no Brasil, ainda intocadas. Já está mais que na hora de fazermos algo!
Que venha uma reforma agrária, ampla e irrestrita, e que o governo dê total apoio aos pequenos produtores, pois este é o único jeito de manterem suas "propriedades", precisam de apoio. Transitando de modo superficial pelos ideais positivistas, o futuro deve ficar com as nações menores, pois assim a gestão é facilitada. O mesmo principio pode ser aplicado as propriedades agrícolas, as pequenas propriedades rurais nos proporciona coisas boas, para alem da variedade de culturas, há ainda outras vantagens, o sul do Brasil pode ser um exemplo, neste assunto.
Não quero com isso dar a impressão de que eu seja contra o grande latifúndio, mas que também precisamos ter muitas pequenas propriedades, pois elas são o esteio da população local, ajudam, e muito, no controle de preços, há lugares neste país, que o quilo de certos legumes é uma verdadeira atrocidade, levemos em consideração que somos um grande produtor de commodities agrícolas. Como pode isso?
Em relação a questão agrária, voltamos ao inicio: com terra não se mexe... Mas precisamos!
Podemos dizer - em poucas linhas - que após dois séculos da Revolução Francesa e dos documentos advindos desta, assim como de outros movimentos populares, estamos longe de termos suas exigências e/ou metas, atendidas. Um caso bastante notório é o da recente Conferência do Clima - RIO + 20, realizada na cidade do Rio de Janeiro, que mesmo havendo documentos e fatos que provam que não podemos mais esperar, que as medidas devem ser enérgicas. Mesmo diante disso, não houve um resultado satisfatório, quando se trata de estabelecer metas que podem vir a atingir o "bolso" de alguém, os governos simplesmente engavetam as propostas, e engavetam da forma mais descarada possível. Assim como nosso planeta não pode esperar, direitos como educação gratuita e de qualidade, saúde, segurança, igualdade de diretos (independente de raça, sexo, origem, orientação sexual, ideologia politica e religiosa), também não podem. Tais direitos, são apenas os que podemos, de modo unanime, relacionar como essenciais, básicos, ELEMENTARES.
Quando teremos uma sociedade em que: Liberdade, Igualdade e Fraternidade serão coisas do cotidiano, que não precisaremos lutar para ter, será que essa luta nunca terá fim?
Independente da resposta, lutemos para que o mundo que deixaremos aos nossos filhos, seja mais liberal, igualitário e fraterno.
Independente da resposta, lutemos para que o mundo que deixaremos aos nossos filhos, seja mais liberal, igualitário e fraterno.
Tremblez, tyrans et vous perfides
L'opprobre de tous les partis,
Tremblez! vos projets parricides
Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis)
Tout est soldat pour vous combattre,
S'ils tombent, nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux,
Contre vous tout prêts à se battre!
¹ Gostaria de ter escrito um post um tanto mais bem elaborado, mais centrado em fatos históricos, com reflexões mais pontuais. No entanto, essa vida corrida não nos permite dispor de muito tempo - isso requereria mais tempo. Bem, obg!
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A Guerra dos Botões
Junte meia dúzia de crianças estereotipadas que se digladiam pelas ruas, uma mãe que explora o filho no melhor estilo mexicano, um soldado combatente da Guerra da Argélia que aparece e some do nada, um moleque protagonista que daria um excelente shonen, e um professor mala que funciona como mentor dele, e você tem o enredo de A Guerra dos Botões, a mais recente adaptação do livro de Louis Pergaud para os cinemas. O filme parece querer pegar carona no relativo sucesso de O pequeno Nicolau e as duas histórias realmente têm muitos pontos em comum, já que ambas tem a trama focada na inocência das crianças.
A Guerra usa como pretexto os embates entre meninos de aldeias rivais do sul da França durante os anos de 1960, para discutir questões como união, amizade, cumplicidade, independência e futuro sem parecer presunçoso ou querer dar alguma lição de moral. A fotografia é legal e os atores, em especial as crianças, não fazem feio. Tudo isso compensa a falta de originalidade do enredo, o desfecho previsível, o uso excessivo de piadas calcadas em erros de oralidade, grafia e significado de determinadas palavras cometidos por crianças e a aparição do já mencionado soldado da Guerra da Argélia que em nada acrescenta à história.
Em suma, o filme não é nenhum Um Corpo Que Cai, mas não faz feio, cumpre bem seu papel: emociona e diverte. De caráter idílico, “A guerra dos botões” cheira a nostalgia, não ligada à época na qual a história se passa, e sim à infância. Saímos da sala de cinema com vontade de ser criança. Ou de ter uma. E que de preferência fale francês. Recomendadíssimo!
por Luiz Braga
segunda-feira, 9 de julho de 2012
O Espetacular Homem-Aranha [The Amazing Spider-Man]
7,7...
Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que inicou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto.
Para começo de conversa, não há nada de espetacular. O filme ganha pontos ao contar a história do modo original, mais fiel as HQ, mas não é um assombro de qualidade.
A fotografia do filme é muito bem feita - particularmente me encanta muito uma fotografia bem feita, ganha pontos comigo -, tem um dos tons mais bonitos que vi nos últimos tempos.
Andrew nos apresenta um Peter Parker mais moderno, mais descolado, também mostra que tem talento - mas não é suficiente para dar aquela gingada no filme.
Destaco a interpretação de Sally Field, que vivi a "tia May", a atriz carrega um tom dramático que é muito pontual diante da história.
Particularmente não vejo nada digno de um Oscar, mas o filme é bom, tem seu valor, cumpre o papel ao que se propôs, mas poderiam ter feito muito mais, afinal foram mais de 200 milhões de orçamento.
Embora o filme seja aquém das expectativas, é um bom filme!
domingo, 8 de julho de 2012
Sombras da Noite [Dark Shadows]
7,3...
1752. Joshua (Ivan Kaye) e Naomi Collins (Susanna Cappellaro) deixam a cidade inglesa de Liverpool juntamente com o filho, Barnabás, rumo aos Estados Unidos. A intenção deles era escapar de uma terrível maldição que atingiu a família. Vinte anos depois, Barnabás (Johnny Depp) é um playboy inveterado que tem a cidade de Collinsport aos seus pés. Após seduzir e partir o coração de Angelique Bouchard (Eva Green), sem saber que era uma bruxa, ele é transformado em vampiro e preso numa tumba por dois séculos. Quando enfim desperta, dois séculos depois, encontra sua propriedade em ruínas e os poucos familiares ainda vivos escondem segredos uns dos outros. Em meio a um mundo desconhecido, Barnabás se interessa por Victoria Winters (Bella Heathcote), a tutora do jovem David (Gulliver McGrath).
Para ser sucinto, o filme é bom, mas tendo a direção de Tim Burton e um elenco de vai de Johnny Depp a Helena Bonham Carter, era de se esperar mais. No entanto, a atuação deste grande elenco salva um filme que com uma visão meio que limitada, estaria fadado ao insucesso. O filme transita sobre vários gêneros, mas não se aprofunda ou dá sentido a nenhum, mais parece um recorte colagem, isso pode parecer interessante, mas proporciona uma cronologia de gênero um tanto alterada, o que deixa o expectador a pensar que rumo o filme tomará, "onde isso dará?", é uma das muitas perguntas. Porem, como já dito, o elenco esbanja talento e cria um filme muito agradável de ver, que passa por comédia até chegar ao drama e nesse meio tempo vemos até um pouco de ação.
O longa é original ao contar uma história de vampiros, mas não está fadado a ser um clássico dentro do segmento, o roteiro é o ponto fraco, tem muitos furos. A parte esses "detalhes", é um bom filme, que merece ser visto - eu sou suspeito, pois amo Johnny Depp.
Bom filme!
Para Roma com Amor [To Rome With Love]
8,0...
O longa é dividido em quatro segmentos. Em um deles, um casal americano (Woody Allen e Judy Davis) viajam para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. Outra história envolve Leopoldo (Roberto Benigni), um homem comum que é confundido com uma estrela de cinema. Um terceiro episódio retrata um arquiteto da Califórnia (Alec Baldwin) que visita a Itália com um grupo de amigos. Por último, temos dois jovens recém-casados que se perdem pelas confusas ruas de Roma.
O filme não é brilhante, pode ser considerado dentro da obra de Allen, um filme menor. No entanto, neste caso, mesmo um filme menor de Woody Allen, pode e certamente é, muito melhor do que as recentes comédias que vemos por aí - há quem diga que o mediano de Woody Allen é melhor que o melhor de muitos diretores de peso/nome em Hollywood.
Depois de Londres, Barcelona e Paris, o diretor aterrissa em Roma para filmar uma bela comédia, e com um elenco que atende perfeitamente as expectativas. Bom, ver Allen atuando novamente é algo muito bom, ele tem um carisma difícil de explicar. Vale citar Jesse Eisenberg, que mesmo de modo discreto, mostra muito talento ao lidar com a personagem. Ellen Page está surreal, é difícil imaginar personagem como o dela.
O longa segue muito de perto o que se viu em Meia noite em Paris, então, não é inovador, o que gera uma certa..., ou melhor, um sentimento de podia ser mais, mas mesmo não sendo "mais", é bom! Controvérsia a parte, o filme é bom, mas não é genial, portanto, não pense que verá algo espetacular. Porem cada minuto valerá a pena, serão mais de 100 minutos de muita diversão.
"Apenas em Roma pude sentir o que é ser verdadeiramente um homem. A essa elevação, a essa felicidade de sentimento, nunca mais pude me erguer. De fato, comparada à minha situação em Roma, nunca mais cheguei a sentir um real contentamento. Porém, não nos rendamos a pensamentos melancólicos. Como caminha sua leitura de Fair maid of Perth?" *
Woody Allen, é sempre um prazer...
* Goethe em conversa com o jovem literato Johan Peter Eckermann, assistente do poeta no final da vida.
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