segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Intocáveis [Intouchables]

9,3...

Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos ele aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Aos poucos a amizade entre eles se estabelece, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro.
Não só de contradição viverá uma história. O cinema francês, assim como todos os outros, não dispensa uma produção que atrai pelo contexto, humor fácil e, atores conhecidos. E com isso Intocáveis se tornou o segundo maior sucesso de bilheteria do cinema francês, o que já merece nosso respeito. Ele tem algo a dizer, não é?


O pilar do longa é a relação de opostos entre Driss que é negro, pobre, inculto e agressivo e Philippe que é branco, milionário, refinado e elegante. Enquanto Driss é um dançarino desmedido, Philippe é um tetraplégico. E é essa relação entre eles que é roteirizada e a partir daí surge naturalmente o tom de comédia, um tanto improvável. Afinal, Philippe um homem de grande cultura terá a assistência de uma pessoa que possui e demonstra pouco cultura.

As criticas sobre o filme ficam na área dos esteriótipos, que foram usados intencionalmente. No entanto, essas criticas acabam apenas por ficar divagando, pois por mais que lançar mão dos esteriótipos seja algo arriscado, Eric Toledano e Olivier Nakache (particularmente, não sou a pessoa que mais se liga nessa coisa de acompanhar diretos, atores e afins, mas com certeza esses merecem crédito, e tem minha "assistência" em seu próximo filme) acertaram.

Intocáveis se preocupa mais em ressalta as semelhanças entre os dois amigos improváveis, que fazer foco em suas diferenças. No entanto, o filme também foca no viés dos estratos sociais, que na mente dos personagens são muito bem delineados, porem eles não estão de pleno acordo com essa delineação, talvez por isso consigam ter uma relação amizade. Eles são unidos por sentimentos como a paixão pela música, o respeito pela família, o desprezo as convenções, assim como outras coisas...

O filme não é subversivo, ou vanguardista ao ponto de romper por completo com determinados clichês, pelo contrário, usa desses subterfúgios como ponto de partida. Todavia, a coerência é mantida, pois os personagens são politicamente incorretos do inicio ao fim, mas sem ser piegas ou cansativo pelo uso destes recursos.

O sucesso desta produção deve muito ao seu roteiro, um trabalho extremamente cuidadoso. Não podemos passar por essa produção sem ressaltar o ritmo imposto pelo roteiro, que é simplesmente notável. 
Em quase duas horas, este filme explora todas as piadas possíveis e, é neste aspecto que a montagem tem de ser enaltecida, pois o resultado é impecável, em nenhum momento o texto se estende demais (o que poderia fazer com que a piada perdesse a graça). É sem dúvidas um modelo a ser seguido.

Os críticos dirão que INTOCÁVEIS é racista ou que se pauta em esteriótipos. Mas quando você assiste ao filme, nota que não são argumentos válidos. É uma comédia escrachada (nada de não me toques) e politicamente incorreta (Vivemos a era do politicamente correto. No entanto, às vezes, ser politicamente incorreto é bom.) porem, mesmo assim, muito coerente em seu discurso. É capaz de agradar as mais diversas pessoas, sejam jovens ou adultos, de esquerda ou de direita. Essa talvez seja a grande característica do enorme sucesso do filme, na França e no mundo.

Intocáveis é simplesmente imperdível. 



ps: Engraçado, me veio a mente os filmes: "Sublime Obsessão", "Infâmia" e "Uma cruz à beira do abismo". E eu recomendo, são filmes maravilhosos.

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